O bom da corrida é que podemos ter
nossas escolhas: é possível se divertir com os amigos correndo pelo
parque ou levar o corpo a exaustão numa prova de longa distância. Em
qualquer situação, o que vale é a motivação para seguir adiante, a razão
é de cada um. Na corrida, já experimentei de tudo: participei de provas
curtas, longas, muito longas e mais longas ainda. Já corri em
montanhas, no asfalto, pelo mato, sobre pedras, na praia, por terra, em
geleiras, cruzei vulcões, subi montanhas, atravessei desertos e
aventurei-me em alguns continentes pelo mundo. Boas diversões e algum
sofrimento extremo fazem parte destas aventuras pelo mundo afora. Agora,
mais uma vez, vou repetir uma destas experiências que testa os limites e
tira o fôlego de qualquer um. A aventura será no próximo domingo (1º),
na Ultramaratona Comrades, também conhecida como The Ultimate Human
Race, até o nome assusta, na cidade de Durban na África do Sul.
Considerada a mais famosa prova da modalidade do planeta, o calor
acima de 30 graus é o maior adversário do corredor, além, é claro, dos
90 km do difícil percurso. Participei desta prova no ano passado e
alguns motivos me levaram a retornar. Primeiro pelo reconhecimento de
fazer o up run e down run, ou seja, a cada ano há uma inversão do temido
percurso, um ano é subida, no outro é descida. Quem completa dois anos
seguidos tem o privilégio de uma medalha extra especial conhecida por
“back-to-back”. E assim poder gravar o nome na história da prova. Outra
característica desafiadora é que os 90 km devem ser completados em até
12 horas, caso contrário, o atleta é retirado da prova.
O terrível percurso é descrito por cinco grandes colinas, as Big Five
Hills. O grande temor para quem pretende terminar a prova está nos seis
pontos de cortes durante o trajeto. Caso o corredor não alcance esses
pontos antes do horário determinado, o percurso é fechado e o corredor
deve se retirar da prova. O último corte é no final, no limite de 12h, o
corredor é impedido de cruzar a linha de chegada e não recebe a medalha
de participação. A fidelidade e o amor pela Comrades vêm do carinho dos
habitantes do país. Pelo percurso, uma multidão apoia os corredores,
até em acampamentos. É como se fosse a Copa do Mundo transmitida ao vivo
pela televisão durante o dia todo.
Há comidas de todos os tipos e até churrasco, não sei de que animal, é
oferecido pela torcida. Isso fora a confraternização entre gente de
todas as cores e raças. É impossível não emocionar com este ritual que
acontece desde 1921. Espero, no domingo, com a medalha no peito,
celebrar o inesquecível Nelson Mandela!
Fonte: http://www.correiodeuberlandia.com.br/treinosemetas/2014/05/29/a-mais-famosa-do-mundo/
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