– Estreante sofre com o frio e o terreno da montanha de prova que reuniu mais de quatrocentos corredores de trinta e um países
Teresópolis é uma cidade com vocação para os esportes. Sobretudo as corridas e o ciclismo, justamente pela sua altitude e clima favorável, com diversos atletas que treinam para competições importantes em nossa cidade. Maratonistas, como o alagoano Damião Ancelmo de Souza, que vai brigar por uma vaga na equipe brasileira das Olimpíadas agora em maio ou ultramaratonistas como o bi-campeão da 48 horas do Atlântico (prova internacional disputada no Guarujá)Delino Tomé. Agora um professor de Educação Física de 41 anos, nascido e criado em Teresópolis, Ivo Júnior, começa a escrever a sua história nas competições internacionais, justamente na Patagônia Run, uma prova de alto nível que contou no último final de semana (10) com mais de oitocentos atletas inscritos nas modalidades da corrida de trinta e um países, em uma verdadeira “festa” do esporte de aventura nas frias montanhas no outono argentino.
O frio, na verdade, já está na história de quem passou toda a
adolescência “pendurado” nas montanhas famosas da Serra dos Órgãos. Ivo
de Oliveira Brito Júnior, ou Ivo Júnior como é conhecido, foi
integrante dos primeiros grupos de montanhistas do município como Lazer e
o CET – Centro Excursionista Teresopolitano e aproveitou toda a sua
experiência nas montanhas para “atacar” a Patagônia e logo na largada da
ultramaratona se juntou à elite na subida da serra. Como estreante,
“assombrou” os experientes argentinos e chilenos que puxavam a fila.
“Foi bastante difícil a prova como um todo, mas eu me sinto a vontade
nas montanhas porque eu treino o ano inteiro aqui em Teresópolis, vivo
na Serra dos Órgãos, o que me capacitou a correr bem na casa dos
argentinos”, sorri o atleta que tem o patrocínio da marca alemã de
mochilas Deuter, uma das melhores do mundo. Ivo Júnior nunca havia
corrido fora do Brasil e classificou como inesquecível a aventura da
Patagônia onde fez amigos e experimentou a competição em alto nível, com
equipes do mais alto gabarito da América do Sul, com estrutura e base.
“Só de completar a prova para mim foi uma vitória, mas a classificação
de 51º no geral foi animador e muitos membros da organização me
parabenizaram por eu ser um estreante e não ser da região. Eles falaram
que eu fui muito bem. Mas eu quero mais”, afirma o atleta.
O frio cruel da Patagônia
A Patagonia Run é uma corrida de caminhos e trilhas de montanha,
“non-stop”, de participação individual, que conta com seis distâncias
para todos os tipos de atletas: Desde os debutantes do “trail run” e
corredores de distâncias curtas, até os ultra maratonistas
experimentados em distâncias longas e desníveis. O teresopolitano
encarou os 100 quilômetros de “perrengue” no frio. “Foi muito difícil,
né? Na Patagônia venta bastante, faz frio… Teve trecho que a gente pegou
zero grau e assim, bastante subida e até eu que estou acostumado com as
subidas da Serra dos Órgãos, senti um pouco porque as subidas lá são
bem fortes e misturando todos estes ingredientes eu posso dizer que foi
uma prova muito interessante, forte e dura”, completa o professor de
Educação Física que treina pelas ruas de Teresópolis. Sua colocação
final, 51º, foi considerada pelo próprio, como muito boa para um
estreante. “Dos duzentos e cinquenta que chegaram, eu cheguei no
quinquagésimo primeiro lugar, uma colocação bastante interessante, já
que eu não conhecia o circuito e não conhecia a fundo mesmo as técnicas
de ultramaratona em trilhas de montanha, então a gente tomou como uma
grande experiência e tenho certeza que vou chegar muito melhor no ano
que vem”, afirma o corredor, que é dono de um refúgio aqui mesmo em
Teresópolis. Um lugar onde recebe esportistas de alto nível do Brasil e
do mundo para passeios e corridas de aventura. O Refúgio Serra dos
Órgãos, no Vale Paraíso. “Eu sempre faço amigos nas montanhas e nas
corridas e divulgo Teresópolis como a capital do montanhismo e as
pessoas se animam a conhecer a nossa cidade. Hoje eu tenho um local onde
estes aventureiros podem se hospedar, receber uma atenção, guia e tudo
que precisar com relação o nosso eco turismo aqui em Teresópolis”,
completa Ivo.
No mundo existem provas de alto gabarito que não existe a
possibilidade de se inscrever diretamente para a corrida. Na categoria
130km da Patagonia Run, apenas com o currículo de outras provas da mesma
monta te possibilita a correr. Mas mesmo correndo “apenas” cem
quilômetros, Ivo Júnior já se capacitou a diversas provas por todo o
mundo. “A Patagonia Run é um ultra trail muito importante porque ela
credencia, se você completa-la em menos de vinte horas, a corridas nos
Estados Unidos, na Europa, em diversos países por todo o mundo e a
resposta a isso são trinta e um países competindo aqui na América do Sul
para uma temporada de corridas deste nível. Vem todo mundo aqui buscar a
sua credencial para outras provas e eu encontrei com muitos brasileiros
também. E de todos os níveis. Tinha os profissionais lá, as
celebridades, mas também a galera que vai só pra competir, para
completar e para curtir o visual que é maravilhoso. Apesar de estar
muito frio, o visual é coisa ímpar. Muito bonita mesmo”, completa o
ultramaratonista que espera chegar mais maduro na prova do ano que vem e
buscar resultados melhores ainda para Teresópolis.
Fonte: http://netdiario.com.br
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