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sexta-feira, 31 de julho de 2015

Bike a 80km/h, soneca e decisão no photo finish: 10 curiosidades do triatlo

Lista traz peculiaridades e fatos inusitados como planilha de treinos com 10h diárias de sono, bicicletas avaliadas em R$ 35 mil e irmãos medalhistas olímpicos

Por Cleber Akamine 

Rio de Janeiro, RJ

Largada triatlo Pan (Foto: Harry How/Getty Images)Natação abre as provas de triatlo; no Rio 2016, competidores enfrentarão as ondas da praia de Copacabana Pan (Foto: Harry How/Getty Images)
 
"Qual modalidade vem primeiro? Natação, ciclismo ou corrida?". Os triatletas estão acostumados com essas e outras perguntas como, por exemplo, as distâncias percorridas, a alimentação, a periodização de treinamentos, entre outras. O público brasileiro, em geral, não tem um conhecimento muito aprofundado da modalidade que, neste fim de semana, na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, terá o seu evento-teste para os Jogos Olímpicos de 2016. Você sabia, por exemplo, que a bicicleta do triatlo olímpico custa em torno de R$ 35 mil? Ou que se recomenda aos praticantes do esporte tirar uma soneca de uma hora após o almoço? O GloboEsporte.com elaborou a lista abaixo com peculiaridades e fatos curiosos da modalidade que promete agitar a praia mais famosa do Brasil nos próximos dias.

01 História

O triatlo nasceu durante as férias de uma equipe de atletismo de San Diego (EUA), em 1974. Para descansar, o treinador passou uma planilha sem corridas, mas com natação e ciclismo. Os atletas seguiram e gostaram tanto que, nas férias seguintes, o cronograma foi repetido. Surgiram, então, os primeiros desafios e provas locais. 

freira de ferro keller bandeira (Foto: eu_atleta)Fernanda Keller é pentacampeã Ironman Brasil (Foto: Eu Atleta)
 
Em 1982, após várias adequações, chegou o formato "olímpico", com 1,5km de natação, 40km de ciclismo e 10km de corrida. A estreia como exibição nos Jogos Olímpicos foi em Los Angeles, em 1984. Em Sydney, 2000, o triatlo foi enfim disputado como modalidade olímpica, com vitórias do canadense Simon Whitfield e da suíça Brigitte McMahon.

Entre os brasileiros, Fernanda Keller conquistou seis vezes o bronze do Ironman do Havaí e cinco títulos do Ironman Brasil, sendo 14 vezes top 10 do Campeonato Mundial de Ironman, também no Havaí. Leandro Macedo foi campeão do Circuito Mundial em 1991 e dos Jogos Pan-americanos de 1995. Representou o país nas Olimpíadas de Sidney (2000) e Atenas (2004).

02 Nada, pedala e corre

É normal as pessoas perguntarem "Qual modalidade vem primeiro?". A ordem não varia conforme condições climáticas ou geografia da prova. O triatlo começa pela natação, passa pelo ciclismo e encerra com a corrida, sendo praticado em diferentes distâncias.

No Sprint, o mais curto, são 750m de natação, 20km de ciclismo e 5km de corrida. O Olímpico, mais tradicional, tem 1,5km, 40km e 10km. Há distâncias mais longas, como o "Long distance", que possui 3km de natação, 80km de bike e 20km de corrida. 

Outros percursos, ainda mais longos, recebem chancelas diferentes, como o Ironman, que agrega 3,8km de natação, 180km de ciclismo e 42km de corrida.

Copa do Mundo de Triatlo - Austrália (Foto: Getty Images) 
Durante a transição, atletas são obrigados a descer das bikes para evitar acidentes (Foto: Getty Images)

03 Natação

Pâmella Oliveira, na prova de Triatlo feminino, nos jogos Pan-Americanos de Toronto 2015 (Foto: Washington Alves/Exemplus/COB)A brasileira Pâmella Oliveira usou a roupa de borracha no Pan de Toronto, após liberação da organização (Foto: Washington Alves/Exemplus/COB)
 
A roupa utilizada na natação do triatlo varia conforme a temperatura da água. Em algumas etapas, por causa da água gelada, a direção de prova libera o uso da roupa de borracha - material de neoprene ajuda a manter a temperatura do corpo. 

No Brasil, tanto nos Jogos Olímpicos como no evento-teste, os triatletas devem nadar apenas com o macaquinho - uniforme usado nas três modalidades. A previsão é de que a temperatura varie entre 20ºC e 24ºC, excluindo a necessidade da roupa de borracha.

A natação, além da temperatura da água, exige alguns cuidados extras. Em Sydney 2000, existia uma preocupação com relação à presença de tubarões no mar australiano. Para afastar o perigo, a organização da prova colocou mergulhadores no mar com dispositivos que emitiam ondas eletromagnéticas para afastar os animais. Não foi registrado nenhum acidente.

04 Ciclismo 

As bicicletas usadas no triatlo olímpico custam, aproximadamente, R$ 35 mil. O peso das "magrelas" deve ser de 6,4kg no mínimo. Para efeito de comparação, uma bicicleta convencional pesa em torno de 14kg, ou seja, mais do que o dobro.

Durante as provas, é interessante notar que os atletas andam enfileirados a maior parte do tempo. A explicação é física. Assim como na F-1, aquele que anda no vácuo tem um desgaste menor. Pesquisas mostram que o esforço do líder diminui até 7% pelo simples fato de ter alguém atrás, diminuindo o rastro do vento. O segundo colocado, por não receber o vento direto, é beneficiado com 30% menos de esforço. Do terceiro em diante, o desgaste chega a ser 40% menor.

A média horária do ciclismo gira em torno de 40km/h e 42km/h. No percurso traçado para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, há um ponto de descida em que as bicicletas devem chegar a 80km/h.

Reinaldo Colucci (Foto: Federação Internacional de Triatlo) 
Reinaldo Colucci é um dos principais nomes do esporte do Brasil na atualidade
 (Foto: Federação Internacional de Triatlo)

05 Treinar, comer e dormir

Um triatleta dorme, geralmente, entre 8h e 10h por dia. Como os treinamentos são divididos em três períodos, é comum um descanso de 40 a 60 minutos de sono após o almoço. A rotina de treinos em períodos de maior volume chega a marcar 36h semanais. Além da natação, do ciclismo e da corrida, existem atividades de fortalecimento muscular.

Para suportar a carga de treinos, um triatleta precisa de uma alimentação rica em carboidratos. Antes das provas, os triatletas costumam fazer uma refeição reforçada, geralmente 3h antes da largada. 
Neste intervalo, existem reposições com isotônicos, carboidratos e frutas. Durante a prova olímpica, os competidores optam pela ingestão de líquidos: maltodextrina (carboidrato), isotônicos e água. Não é comum a ingestão de gel ou frutas, justamente pela intensidade da modalidade, para que não haja intercorrências.

06 Em família

Os irmãos britânicos Brownlee são fortíssimos candidatos ao pódio nas Olimpíadas de 2016. Alistair e Jonathan, medalhistas de ouro e bronze em Londres 2012, respectivamente, trilharam um caminho para que outros irmãos, os russos Dmitry e Igor Polyanskiy, entrassem para a disputa do evento-teste no Rio. 

O quarteto, porém, não estará completo neste fim de semana, em Copacabana. Jonathan Brownlee, ainda lesionado, não estará na disputa, desfalcando a família britânica.

Irmãos Brownlee Londres 2012 (Foto: Getty Images) 
Irmãos Brownlee: Jonathan (bronze) e Alistair (ouro) venceram em Londres 2012 (Foto: Getty Images)



07 Duelos emocionantes

Javier Gomez x Alistair Brownlee: o público presente na orla de Copacabana pode esperar por um final eletrizante na prova masculina. O nivelamento entre os triatletas mantém a disputa equilibrada do início ao fim. Disputas acirradas entre o britânico Alistair Brownlee e o espanhol Javier Gomez, definidas nos últimos metros, são comuns nas etapas da União Internacional de Triatlo, a ITU.

Nicola Spirig x Lisa Nordan: um embate que entrou para a história do esporte ocorreu durante as Olimpíadas 2012, entre a sueca Lisa Nordan e a suíça Nicola Spirig. Pela cronometragem da prova, ambas cruzaram a linha de chegada no mesmo tempo, 1:59:48. Porém, a comissão de arbitragem analisou o photo finish e deu a vitória à triatleta da Suíça.

Sian Welch x Wendy Ingraham: Outro momento marcante do triatlo foi a disputa entre as triatletas Sian Welch e Wendy Ingraham, que corriam o Ironman Kona/Hawaí, em 1997. As duas, pelo desgaste físico, não conseguiam ficar em pé e, para cruzar a linha de chegada, tiveram que engatinhar. O duelo ganhou o apelido de "The Crawl".

08 Bons em tudo

Gwen Jorgensen triatleta (Foto: Getty Images)Gwen Jorgensen é a grande favorita ao ouro no Rio 2016 (Foto: Getty Images)
 
Para contrariar a imagem de que o triatleta opta pelo "nada, pedala e corre" porque não é bom em nenhuma das três modalidades, alguns números podem mudar essa concepção. A norte-americana Gwen Jorgensen, líder absoluta do Circuito Mundial de Triathlon e favoritíssima ao ouro olímpico no Rio 2016, concluiu os 5.000m de corrida da WTS Hamburgo em 15m45s, depois de nadar 750m e pedalar 20km na distância sprint triatlo. 

A brasileira fundista Juliana dos Santos, campeã no Pan de Toronto, por exemplo, concluiu a prova no mesmo tempo. Neste ano, no Troféu Brasil de Atletismo, Tatiele Roberta de Carvalho venceu suas concorrentes com o tempo de 16m02s.

Alistair Brownlee, dono de uma das melhores corridas do circuito mundial, ao conquistar a medalha de ouro nas Olimpíadas de 2012, fechou os 10km para 29m07s. No Pan de Toronto, o canadense Mohammed Ahmed foi campeão nos 10.000m com o tempo de 28m49s, 18 segundos menos do que o triatleta.

09 Movidos a desafios

É comum entre os triatletas olímpicos a busca por novos desafios na carreira. O alemão Jan Frodeno, campeão olímpico em 2008, em Pequim, passou a disputar provas mais longas e fez bonito. Conquistou, recentemente, o título europeu do Ironman em Frankfurt, na Alemanha.

O espanhol Javier Gomez, medalha de prata em Londres 2012 e presença confirmada no evento-teste do Rio de Janeiro, foi campeão mundial do Ironman 70.3 (meio Ironman) no ano passado, no Canadá. Por fim, o britânico Alistair Brownlee confidenciou que pretende, após os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, completar uma maratona abaixo de 2h15 e disputar um Ironman.

Jan Frodeno, triatleta (Foto: Getty Images) 
Jan Frodeno, campeão europeu do Ironman (Foto: Getty Images)

10 literalmente Triatleta

A norte-americana Sheila Taormina é triatleta em todos os sentidos. Além de ter praticado o "nada, pedala e corre", ela participou de quatro edições das Olimpíadas, sendo em três modalidades diferentes. Foi campeã na natação, no revezamento 4x200m livre, em 1996, ficou na 6ª colocação na prova de triatlo em 2000, nos Jogos Olímpicos de Sydney. Em 2004, ainda no triatlo, em Atenas, terminou na 23ª colocação do triatlo e, em Pequim, quatro anos mais tarde, disputou o pentatlo moderno, terminando na 19ª posição.

* colaborou com informações técnicas o gestor da equipe Sesi de triatlo, Eduardo Braz. Fonte: sites da CBTri e da ITU (International Triathlon Union).

Fonte: http://globoesporte.globo.com 


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